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Entendendo seu equipamento

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Matheus Fernandes
Matheus Fernandes

Recentemente me vi forçado a fazer uma nova prancha, o motivo: Esqueci uma de minhas pranchas no sol enquanto fui almoçar em uma surf trip em Pipa. Deixei ela na sombra mas quando voltei o sol havia mudado de direção e a prancha ficou no sol e ele não tava pra brincadeira. Pra piorar a prancha tem uma parte da pintura preta, que foi justamente onde a prancha derreteu mais. Fica ai o aprendizado pra ter mais cuidado e escolher melhor as cores da prancha.

Essa era uma prancha bem importante no meu quiver, tinha o apelido de Baianinha devido a sua pintura do BaianaSystem, não era a que mais usava no dia (embora estivesse usando mais ela aqui em condições menores de mares), mas era a minha prancha de segurança para mares maiores e nas viagens que realizei até agora.

cavada Praia Grande, Ubatuba

Ela me passava a confiança necessária para dropar ondas maiores e mais pesadas. Tenho uma outra 5’10 de Epoxy, que não me dá essa segurança, foi minha primeira prancha de epoxy, e sinto ela bem solta e instável, então acabava sempre usando mais a outra para condições melhores.

cavada Itamambuca, Ubatuba

cavada Praia da Silveira, Garopaba

Então me vi na missão de criar uma prancha substituta para ela, sabia que queria algo parecido e foi com essa ideia que procurei o Cesar da Flora Surfboards para fazer mais essa prancha.

Me encontrei com ele na leste oeste para conversar sobre a ideia da prancha, como hoje ja fazem uns 2 meses e meio desde essa conversa, não lembro exatamente o que falei, mas falei que a prancha antiga eu gostavam muito e falei desse sentimento de segurança que ela me dá, o que a de EPS não me dá.

Então decidimos que era uma prancha para a temporada, e viagens, algo que me desse segurança e estabilidade. Não lembro se cheguei a mencionar remada, mas foi o que ele me sugeriu que ia fazer , dar um pouco mais de volume para a prancha, mas mantendo um formato um pouco mais de performance e manobravel, que ele conseguiria distribuir o peso na prancha de forma que eu não perceberia.

Aceitei a proposta, afinal quem não quer um pouco mais de volume e remada pra entrar na onda.

Depois de umas 2 semanas recebi a prancha, e inicialmente tomei um susto com o quão gorda a borda da prancha era. Era bem mais cheia do que todas as outras pranchas que tenho. Fiquei receoso por alguns minutos, mas partimos para a agua para testar a prancha.

cavada Pranchinha nova, novo design de pintura modelo MF

Fato raro: Só tínhamos nós 2 no mar, numa Sexta feira as 10H da manhã , com meia maré enchendo. Pra quem conhece a leste e seu crowd sabe que isso é um sinal.

As ondas não estavam tão boas quanto eu queria, uma onda bem rápida e fechadeira geralmente. Mesmo assim deu pra sentir que a prancha era diferenciada. Na primeira onda de front side que peguei consegui fazer o drop rápido , me mantendo no high line(parte do topo da onda), e acelerei conseguindo passar a primeira seção da onda e atingindo a próxima seção com uma batida pra encerrar a onda.

cavada Batida parecida com a que falei, chegando com mais velocidade

Não sei como explicar mas deu pra sentir uma diferença no meu surf. Ano passado assisti o Stab in The Dark (serie da Stab uma revista de surf , que pede a surfistas profissionais testarem pranchas sem saber qual o shaper que fizeram elas), e ele testando 12 pranchas em Noronha falou que geralmente com 1 a 3 ondas ele conseguia saber se a prancha era boa para ele ou não.

Meio que senti isso, a prancha se encaixou muito bem com meu nível de surf e com o que eu queria executar na onda.

cavada *Leste Oeste, Fortaleza. Rasgada mais alongada que nao conseguia com minhas pranchas anteriores

Já vi muito conteúdo na internet sobre surf desde quando comecei a surfar, acompanho muito conteúdo em inglês também. Mas tem um coach em especifico que gosto bastante de como ele explica as coisas. O Clayton Nienaber da Ombe Surf , um dos pilares da teoria de ensino do surf é a parte do EQUIPAMENTO e podemos destacar principalmente a prancha de surf.

Um ponto que é bastante batido sobre as pranchas é o volume da prancha. Vejo em muito lugar a recomendação de um volume de prancha maior para iniciantes, e conforme a pessoa for evoluindo ele conseguirá ir reduzindo o volume.

Mas acho que exista uma certa corrida para reduzir o volume da prancha o mais rápido possível, quanto menos melhor. É claro, você começa a se comparar com surfistas mais experientes e com muitos anos de surf a mais que você. Quando você vê um surfista profissional de 1,90cm e 90kgs usando uma prancha 5’9 de 25 litros , o que você pensa logo: Eu com 70kg, e estou usando uma prancha com 32 litros algo deve estar errado, preciso diminuir o volume da minha prancha.

Mas não é tão simples assim, tem algo que deveria ser levado em conta mas não é. Ele tem muitos anos a mais de surf e muita experiência. É fato que uma prancha com menos borda consegue fazer curvas mais acentuadas e linhas mais “progressivas” , mas para realizar tais manobras é preciso um certo nível de precisão que não é fácil de atingir, e é difícil de perceber tal dificuldade quando alguém executa-o perfeitamente, aquela velha maxima: Faz o difícil parecer fácil. E você é levado a crer que é fácil de reproduzir, mas por trás dessa manobra ja houveram milhares de tentativas falhas.

E o que dificulta ainda mais é que surfistas mais avançados sempre me recomendam usar pranchas com volume menor e bordas mais afinadas, não fazem isso para dificultar nem nada, mas acho que a uma desconexão com seu tempo de iniciante, faz bastante tempo que eles aprenderam a surfar.

O que se aplica a eles hoje, não se aplicaria a eles 10, 15 anos atras. Acho sim que uma prancha mais “performance” consegue fazer curvas mais acentuadas e mais rápidas mas ela também requer uma finesse na sua execução, que surge com o tempo.

Acho que para atingir esse nível precisamos ir passo a passo, e essa minha nova prancha me fez dar uma caminhada e não somente um passo nessa jornada.

Minha linha de surf mudou completamente, hoje consigo atingir o lip da onda mais facilmente, estou mais em sincronia com a onda, e sim conseguindo fazer manobras também.

cavada Leste Oeste, Fortaleza

cavada Leste Oeste, Fortaleza

Acho que ja me estendi demais e esse texto está demorando demais pra ser concluído. Vou encerrando por aqui e vocês com certeza ouvirão mais sobre essa prancha ainda.

Some alt text Obrigado Baianinha, proporcionou altas ondas e memórias, a partir de hoje ficará de decoração

decoracao