Trip Guarda #5 - Costão
Segundo dia do swell, depois de tirar um dia pra descanso forçado devido às condições do mar, hoje o vento deu uma melhorada e o mar ainda tem força. O dia tava parecendo que ia ser bom.
Logo pela manhã, depois do café recebo um wpp da host do AP que o Artur estava indo surfar no Costão da Pinheira e que já tava indo, e pediu pra avisar que a melhor condição seria agora.
Parei tudo que tava fazendo e arrumei minhas coisas pra ir surfar, mas ainda não tinha certeza onde era exatamente o pico, tinha tentado ir ver a Praia da Pinheira ontem e me perdi e não consegui achar o pico certo.
Botei um lugar diferente no google , mas não parecia muito certo. Mas, durante o caminho vi um carro com uma prancha dentro, e decidi seguir ele. Decisão correta, pois ele me levou até o estacionamento que fica em frente ao pico, onde vi o carro do Artur e já confirmei que era ali.
Praia da Pinheira
Hoje o dia amanheceu com um Sol de leve, diferente dos últimos dias nublados e chuvosos. Ponho minha roupa e vou indo entrar, perguntei pra outro cara que tava entrando como funcionava ali, disse que tinha um caminho pelas pedras que termina mais já do lado do pico, o que precisa de menos remada.
Vou por esse caminho e já saio mais perto do pico, um visual incrível cheio de montanhas e muita mata bem verde, o mar parecia mais calmo, mas é porque ainda não estava no pico. Tentei ficar mais pra baixo onde tinha uns SUP e longs, o Artur também tava lá e falou que ali era mais pra pranchão mesmo e disse pra subir mais que lá era o pico das pranchinhas.
Chego lá depois de dar a volta no costão e o pico tava frenético, parecia meio lento no começo mas as séries começavam a vir cada vez maiores, e com muita força. Nesse início fiquei mais como espectador vendo como os locais surfavam, e a realidade é outra, surfar esses tipos de ondas, tubulares e com mais pressão não é tarefa simples.
Costão da Pinheira
Foi aí meio que percebi como a gente é levado a acreditar que aquilo é algo simples e sem muitas consequências, quando a gente fica vendo algum vídeo de surf no Youtube por exemplo. A realidade é outra, nesse pico por exemplo as ondas quebravam praticamente em cima das pedras do Costão, e um erro podia ser perigoso. Foi cada caldo doidera que eu vi de perto, a onda jogava os surfistas sem nem perceber. Isso você não pensa na hora que tá vendo um vídeo de surf com uma trilha sonora por cima, pq o barulho da própria onda quebrando já é bem impactante.
Tinha uma correnteza chata também então foi preciso muita remada pra ficar no pico, e isso é outro ponto: não sou acostumado com Point Break, eu tenho um problema pra pegar onda em meio ao crowd, e conseguir me posicionar hoje foi uma luta.
Depois de muitas tentativas, finalmente consegui, sobrou a MINHA onda. Tava um pouco mais embaixo do pico e essa onda passou , remei em direção ao pico pra conseguir entrar na onda, consegui fazer o drop e o resto foi só alegria. A onda é estilo Snaper Rock, uma onda bem extensa, mas mais lenta aqui, o que deu tempo de ajeitar a base, pensar em ler a onda, aproveitar o momento. Fui seguindo no fluxo na onda sem sentir muita coisa, mas ainda consegui fazer um cutback.
Consegui flexionar meu tronco, e olhar para a onda quebrando, me mantendo no pocket, dava uma investida e voltava pro inicio da onda, continuei assim por algumas dezenas de metros. Posso dizer que essa foi a onda mais extensa que surfei. Valeu o dia
Mas depois disso não consegui mais encaixar outra onda dessa, e foi aí que a minha mente começou a pensar loucamente, tive problemas pra só aproveitar o momento e esquecer as ondas do futuro, queria focar apenas ali no agora e em toda a vibe do lugar novamente, processos que vão aos poucos.