Trouxe na Bagagem #1 - Guarda do Embaú
Gosto muito do período antes das viagens: toda a empolgação que ela gera e o como imagino as coisas que estão por vir, mas o momento de voltar pra casa é algo que gosto bastante também ou talvez até mais. Sempre tenho a impressão de que vivi uma vida ali, como estou num lugar novo e os dias são bem intensos e marcantes, muitos aprendizados e novas perspectivas são criadas.
Vista da Pedra do Urubu
É meio que um sentimento de compilar tudo que vivi, como se agora eu pudesse ver de fora toda a viagem, a visão do macro. Ao escolher um destino de viagem de surf, você tem expectativas e desejos que lhe fizeram decidir aquele destino dentre todos os outros lugares do mundo.
Mas como sabemos, dependemos do mar e de suas condições, a não ser que você tenha comprado a passagem em cima da hora depois de ver a previsão, você está basicamente jogando na loteria, e esperando que o mar esteja do jeito que você imagina na época que você estará lá.
E cabe a você saber lidar com o que a vida lhe der. Se as condições não estiverem como você queria, a forma como você lida com isso é muito importante. E caso esteja como você imaginou, cabe a você também conseguir aproveitar. Mas, tinha um cenário que não passava na minha mente e foi nele que me encontrei.
Acostumado com o tamanho da onda que temos aqui no Ceará, o pensamento que geralmente temos é: quanto maior o swell melhor, quanto maior a onda, melhor. Esse sempre foi meu desejo, visto que aqui não temos ondas tão grandes e não recebemos swells tão grandes com frequência. O último que ouvi falar foi de 2018, época em que eu ainda não surfava e não fazia ideia do que estava perdendo.
Mas, essa máxima não é muito válida para outros picos, especialmente para a costa mais ao sul do Brasil. Quando o mar está grande lá, ele realmente está grande, até você ver um mar desse de perto não dá pra ter muita noção de como é a parada de verdade.
Já tive outras experiências antes em mares maiores, já fiz trips para Rio de Janeiro (Praia da Macumba), Itacaré e Ubatuba (planejo fazer post sobre elas depois também). Mas, sempre após essas experiências vinham alguns pensamentos de frustração por não ter conseguido surfar como eu surfo em casa. Não falo de conseguir realizar manobras nem nada do tipo (até porque não consigo nem fazer aqui consistentemente ainda), mas sim da calma e do estado mental que tenho aqui. Vou escrever mais em um post separado sobre o desafio de surfar ondas maiores.
Mas, dessa vez o sentimento foi um pouco diferente, como se tivesse tido uma revelação ali mesmo no mar, toda essa experiência passada foi necessária pra chegar nesse ponto. É um daqueles casos que não adianta ninguém lhe contar, você precisa viver. Embora tenha conseguido pegar ondas e “surfar” nesse mar, meu nível atual não era compatível com essas ondas.
Confesso que gostei, e gosto da adrenalina de remar em ondas maiores e mais fortes, tem algo dentro de mim que me chama para isso, e não quero deixar isso se apagar, pois acredito que isso é necessário para surfar as ondas que desejo no futuro, e não é algo que é facilmente adquirido ou que possa ser ensinado, tem que partir de você.
Mas, percebi e aceitei que no momento preciso focar em ondas que são mais do meu nível, para que eu consiga evoluir meu surf mais rapidamente e de um jeito mais adequado. Pois, a falta de segurança na minha habilidade atual, é um grande fator no medo de surfar uma onda maior, sei que se me sentir mais confiante em mim, conseguirei conquistar esse medo.
Então tomei pra mim a lição de escolher meus próximos destinos mais focado em algo que eu queira evoluir, para que possa avançar esses degraus e conseguir voltar aqui de novo, tendo um surf a altura.
Mas, um lado bom de tudo isso foi que se tornou uma viagem mais relaxada, onde basicamente surfava 1 dia e descansava o outro. Foi legal pois estava acompanhado da minha namorada, e tivemos tempo de aproveitar o friozinho e sair da rotina.
Aproveitando outros tipos de Surfs no day off
E foi aí que tive tempo para relaxar, explorar outras coisas e lugares da Guarda do Embaú e região. Isso é uma batalha constante que tenho no surf, sinto muito a necessidade de estar todo dia na água, se não consigo me frusto e fico pensando no que eu perdi: será que o mar estava bom?! Esse tipo de pensamento fica me martirizando.
Então isso é algo que me ajudou a ficar mais em paz, em saber que estava ok não está surfando naqueles dias de pausa. Não é só porque viajei que tenho que ficar com essa pressão de fazer algo a todo momento, temos que ver a beleza em só parar, descansar e ver o que está ao nosso redor, ter esses momentos para você.
Foi num desses momentos que tive a ideia de fazer o blog, olha o que de bom pode sair disso, às vezes não dar um passo pode ser a melhor opção.
Voltando pro Aeroporto
E finalizo com essa mensagem que não precisa de mais explicação
Mensagem da Guarda para vocês